sábado, 31 de outubro de 2020

Gente de Almada e Gente Que Viveu Almada

Uma homenagem a quatro cidadãos, que partilhavam o quotidiano com almadenses e outra gente que regularmente fazia a travessia do Rio Tejo, Cacilhas-Lisboa-Cacilhas.
Quem viajava nos cacilheiros antes dos anos 80 lembra-se certamente de ter visto a bordo de alguns deles "o engraxador" de calçado e provavelmente, ter utilizado os seus serviços durante a viagem  num ou outro sentido. Eram os homens, em certo tempo, do "c'roa ó graxa".
"C'roa" era a moeda de 50 centavos do escudo (equivalente agora a um quarto do cêntimo) em alpaca com o busto da República, popularmente apelidada de coroa e que em 1969 foi substituída  por uma moeda em bronze, sem o busto.
Geralmente o tempo de uma viagem (cerca de 10 minutos) dava para engraxar dois clientes.
Nesses anos eram muito conhecidos quatro engraxadores: o "Camion", o "Carinhas" o "Puskas" e o "Santinho". Destes quatro cremos que só o Santinho era referenciado pelo nome. "Camion" e "Puskas" eram alcunhas e estamos em crer que "Carinhas" também seria.
Eram pessoas que partilhavam vivências em Almada e com mais frequência Cacilhas.
"Camion" tinha a sua actividade nos cacilheiros de Jerónimo Durão & filhos, Lda depois Jerónimo Rodrigues  Durão, Herd. Lda. Morava num dos bairros populares de Lisboa, mas frequentava Almada nas suas folgas, chegando a participar até nos festejos e folias  populares de carnaval, que decorriam na Rua Capitão Leitão. 
"Puskas" trabalhava nos "ferries" da Parceria dos Vapores Lisbonenses, os designados barcos grandes.
"Santinho" residia em Almada, de seu nome Eugénio Monteiro Santinho, nasceu a 02-02-1922 e morreu aqui com 82 anos em 2004, engraxava calçado e vendia lotaria nos cacilheiros. Quando deixou a actividade de engraxador, passou a vender lotaria por Almada. Vendeu 2 primeiros prémios da lotaria nacional e por isso ostentava duas estrelas douradas no seu boné.

Na ausência de qualquer fotografia, imagem  trabalhada a partir de recolha na internet.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esta publicação fez despertar o passado vivido que em mim morava num sono profundo. Despertou recordações que provavelmente jamais reviveria.
Muito obrigado.