Uma homenagem a quatro cidadãos, que partilhavam o quotidiano com almadenses e outra gente que regularmente fazia a travessia do Rio Tejo, Cacilhas-Lisboa-Cacilhas.
Quem viajava nos cacilheiros antes dos anos 80 lembra-se certamente de ter visto a bordo de alguns deles "o engraxador" de calçado e provavelmente, ter utilizado os seus serviços durante a viagem num ou outro sentido. Eram os homens, em certo tempo, do "c'roa ó graxa".
"C'roa" era a moeda de 50 centavos do escudo (equivalente agora a um quarto do cêntimo) em alpaca com o busto da República, popularmente apelidada de coroa e que em 1969 foi substituída por uma moeda em bronze, sem o busto.
Geralmente o tempo de uma viagem (cerca de 10 minutos) dava para engraxar dois clientes.
Nesses anos eram muito conhecidos quatro engraxadores: o "Camion", o "Carinhas" o "Puskas" e o "Santinho". Destes quatro cremos que só o Santinho era referenciado pelo nome. "Camion" e "Puskas" eram alcunhas e estamos em crer que "Carinhas" também seria.
Eram pessoas que partilhavam vivências em Almada e com mais frequência Cacilhas.
"Camion" tinha a sua actividade nos cacilheiros de Jerónimo Durão & filhos, Lda depois Jerónimo Rodrigues Durão, Herd. Lda. Morava num dos bairros populares de Lisboa, mas frequentava Almada nas suas folgas, chegando a participar até nos festejos e folias populares de carnaval, que decorriam na Rua Capitão Leitão.
"Puskas" trabalhava nos "ferries" da Parceria dos Vapores Lisbonenses, os designados barcos grandes.
"Santinho" residia em Almada, de seu nome Eugénio Monteiro Santinho, nasceu a 02-02-1922 e morreu aqui com 82 anos em 2004, engraxava calçado e vendia lotaria nos cacilheiros. Quando deixou a actividade de engraxador, passou a vender lotaria por Almada. Vendeu 2 primeiros prémios da lotaria nacional e por isso ostentava duas estrelas douradas no seu boné.
Na ausência de qualquer fotografia, imagem trabalhada a partir de recolha na internet.
Um comentário:
Esta publicação fez despertar o passado vivido que em mim morava num sono profundo. Despertou recordações que provavelmente jamais reviveria.
Muito obrigado.
Postar um comentário