Anúncio do Café Central, na Praça da Renovação, 12-A 12-B e 12-C e Avenida D.Afonso Henriques, 30 Almada,"o Central" para os almadenses, em 17 de Maio de 1959.
Curiosidade (de então) relativamente ao presente: Pastelaria (era muito boa), Charcuteria, Salão de Chá (actualmente não tem), Bilhares (a entrada era pelo café) e Restaurante - era na cave onde posteriormente foram instalados os "matraquilhos".
O Restaurante tinha entrada autónoma pela Praça da Renovação.
"o Central " era, para além de tudo isto, um local de convívio e cultura de muita gente, partilhado por muitas e diversificadas tertúlias. Uma delas, em dias de semana, era constituída pelos médicos almadenses que todas as tardes antes de se dirigirem aos seus consultórios, se encontravam no "Central" para tomar a bica e conversarem um pouco: Dr. Henrique Barbeitos, Dr. Açucena, Dr Adão e Silva, Dr. Edmundo Freitas, Dr. Horácio Louro (foi Delegado de Saúde em Almada, tinha consultório na Costa da Caparica), Dr. Rebordão, aos quais se juntavam por vezes outros almadenses, nomeamente Jaime Feio e Francisco Bastos (o Xico Bastos).
Cremos que destes médicos, só o Dr Edmundo Freitas é vivo. Ainda o vemos em Almada.
Outra das tertúlias, esta pela manhã, era constituída pelo antigo Presidente da Câmara Municipal de Almada, Glória Pacheco (antes havia sido Conservador do Registo Civil), pelo Eng. Macieira Dias, ( homem forte da CMA ), Ventura Varanda, proprietário de terrenos no concelho, nomeadamente da Quinta do Galo, onde foi implantado o antigo Pão de Açúcar, um seu cunhado de nome Dinis, proprietário no concelho, o desenhador Laruça, que morava na Praça da Renovação, o Américo "da Estância", o Abílio "de Almada Velha" e construtores civis, que apareciam ocasionalmente para tomar a bica com o Presidente.
Outra tertúlia era a dos anarquistas, entre outros: José Correia Pires, Sebastião, Quaresma, "o velho" Brito e o Jaime Feio a que se agregavam ocasionais e jovens estudantes que frequentavam "o Central", interessados em ouvir e aprender com os mais velhos.
Havia ainda múltiplas tertúlias de estudantes liceais (3º ciclo), universitários e dos Institutos Comercial e Industrial de Lisboa, que conviviam e trocavam conhecimentos, esclareciam dúvidas de estudo, se ajudavam mutuamente a resolver problemas escolares de compreensão das matérias em estudo.
"o Central" era uma verdadeira "Sala de Estudo Comunitária" onde todos eram explicadores e explicandos simultâneamente, de acordo com seus estudos avançados e experiências.
Nesta "escola superior", "instituto" ou "universidade" concluíram cursos, "formaram-se" muitos jovens de ontem, homens e mulheres do presente.
O Dr. Roma da Fonseca, médico Estomatologista, já de idade avançada e excepcional cultura geral, frequentador habitual do "Central" com suas palestras de mesa, sempre disposto a transmitir e incutir conhecimentos e saberes aos estudantes que frequentavam " o Central".
O Café Central de hoje nada tem a ver com "o Central" de outros tempos. Actualmente é mais padaria que qualquer outra coisa de minimo em comum com o passado cultural e comunitário.
"o Central", também era frequentado diariamente por algumas carismáticas e típicas figuras, sentadas sempre à mesma mesa para tomar a bica, que a malta caracterizava e alcunhava com alguma irreverência e piada.
Havia um Trio que se sentava sempre à mesma mesa e praticamente só conversavam entre si, o qual a malta baptizou de "Irmãos Metralha" constutuído por: "Metralha", "Olho Vivo" e "El Negro". Dois destes três "irmãos", pelo menos, ainda se vêem por Almada. Não sabemos se alguma vez tiveram conhecimento que a malta os catalogava com aquela designação.
Um comentário:
Dois dos metralhas eram o Contreiras e o Valente.
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